30 de julho de 2014

Artesania Nômade e Caravana de Artesania em Bom Despacho e Martinho Campos

De  22 a 27 de julho, o projeto Artesania Nômade atuou nas cidades de Bom Despacho e Martinho Campos, em parceria com o Ponto de Cultura Caravana de Artesania

Em Bom Despacho, foram realizadas: uma oficina montagem destinada a integrantes do Construindo Alegria (grupo de estudos de palhaços); uma oficina de sensibilização; um cortejo de agradecimento na escola Tiradentes; e uma apresentação de conclusão da oficina no espaço da rodoviária. A oficina foi orientada por Cristiano Pena, com a colaboração de Júnia Bessa.



Em Martinho Campos, foi realizado um encontro para reflexão, intercâmbio e planejamento com a participação de articuladores culturais das cidades de Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos e Quartel Geral. O encontro foi orientado por Cristiano Pena e contou com a participação da produtora cultural Renata Gontijo. Simultaneamente, foi realizada uma vivência circense para jovens integrantes do Sorriso Feliz, orientada pelo Circo Aloma.


Aprecie as fotos abaixo, tiradas por Sueli Santos (Colherada Mineira) e acompanhe o relato poético desses momentos de encontros, trocas, ensino e aprendizado.

- xxx - 

"Caderno de Anotações"

De 15 a 19/07, aconteceu a Oficina Arte de Palhaços. Foram formadas duas turmas: de tarde, para iniciantes e de noite, para os integrantes do Construindo Alegria. 



No primeiro dia, recebemos as visitas de Kênia Adriana, gerente de Cidadania da Secretaria de Cultura e do tenente Leonardo, representando o 7.º Batalhão que cedeu o espaço para realização da oficina.



Foram trabalhados diversos conteúdos, entre eles:

O teatro tem como origem a necessidade humana/existencial de ludicidade.




As máscaras teatrais estão presentes em diversas épocas, estilos e culturas. As máscaras caracterizam personagens. 







O palhaço não é uma personagem. É você, sua identidade. Tem a ver com a identidade do ator/atriz, seus posicionamentos, suas crenças, seus desejos, seus ridículos. Por isso, o nariz do palhaço é a menor máscara do mundo. É a que menos esconde e a que mais releva. 







O ator se expõe mais, mas também aprende mais.
Descobrimos nossas pequenas e grandezas. Aos poucos, vamos nos revelando a nós mesmos, aos colegas e ao público. 




Esta figura única não nasce pronta. Vai se construindo aos poucos, a partir de nossos cacos e pérolas. Guarda e revelamos informações. O público vai nos indicando se precisamos trabalhar mais em sala ou se já estamos prontos.




O palhaço comunica com todas as idades. 



 O palhaço "passeia" por vários sentimentos. Das emoções básicas, como alegria e tristeza, medo, raiva... aos sentimentos mais complexos. O riso é apenas a porta de entrada.





Cada pessoa vai descobrir o seu jeito de "virar palhaço". 
Algumas maneiras são: ativar as articulações; descobrir as quinas do corpo; experimentar movimentos que vão em direções opostas.







Durante a oficina, foram trabalhados dois aspectos: o estado do palhaço (presença) e o repertório (gag´s e cenas). O palhaço existe independe da cena ensaiada (repertorio). É um estado de espírito.


Um grupo ensaiou e apresentou a música "Tem gato na tuba".






O outro grupo preparou e apresentou a música "Máscara Negra".



Alguns apontamentos durante as improvisações palhacescas:

- Exercitar a empatia: é mais profunda que a simpatia. Mesmo mal humorado, o palhaço é sempre querido pelo público. 





- Olhar: é importante cuidar do primeiro contato com o público. A primeira ação é olhar as pessoas, de verdade, e respirar. Soltar o ar, as tensões e se abrir para o novo.





- Dizer sim: no início do aprendizado, o palhaço afirma tudo. Se perguntarem se ele é um exímio cantor, ele afirma que sim e tenta cantar, mesmo que não faça ideia de como agir. 





- Comunicação não-verbal: Evitar o uso da palavra em um primeiro momento e se expressar através do corpo. Evitar gestos óbvios, como pedir o público para esperar. Levar em conta a sensibilidade e a inteligência do público, que tudo percebe e acompanha. Buscar ações que estimulam a criatividade e a imaginação. 




- Ética do riso: durante as improvisações dos colegas, evitar comentários verbais que atrapalham o colega. Rir com o outro e não do outro. Quando a gente ri com o colega, a gente aprende a rir de si mesmo. "Ri melhor quem ri de si."


Em sintonia com a proposta desenvolvida por Richard Riguetti (Grupo Off-Sina), fundamentamos a atuação cênica a partir de 5 elementos: relação consigo mesmo, com o colega, com o público, com o espaço e com a situação/história.

Com relação ao espaço, podemos nos sentir livres para ocupar os planos baixo, médio e alto.




Criar poéticas, seja na forma ou na expressão...




E sempre buscar o equilíbrio do espaço, pois o grupo quando está unido sempre cria formas ao ocupar e interagir com os espaços físicos. 




Leandro, integrante do Construindo Alegria, compartilhou reflexões inspiradas no livro "Palhaço de hospital: proposta metodológica de formação" de Ana Lucia Martins Soares (Ana Achcar). A autora propõe a seguinte tipologia de palhaços:
palhaços sagrados, palhaços grotescos, palhaços do espetáculo e palhaços humanitários.


O Ponto de Cultura itinerante Caravana de Artesania contribuiu com os figurinos dos paspalhos através do bazar itinerante para doação e trocas de figurinos e adereços. O bazar está circulando em diversas cidades mineiras, incentivando a solidariedade e reciclagem de materiais cênicos. A experiência tem sido tão positiva que o bazar ganhou o carinhoso apelido de "brechote".



No dia de conclusão da oficina, nos encontramos mais cedo para preparar para a apresentação. Fizemos a maquiagem...






Repassamos o roteiro e ensaiamos as músicas.



Reforçamos com os participantes a importância da pontualidade no âmbito das artes cênicas. E então, saímos da sala em cortejo itinerante, circulando pelo Batalhão...






...Passamos pela Escola Tiradentes, para agradecer pelo espaço cedido...





Apresentamos na rodoviária, para alunos de escolas públicas da cidade e frequentadores da feira da Praça da Estação.















Ao final, circulamos pela feira da Praça da Estação.



E voltamos para a sala, para refletir sobre a ação realizada. Sentimentos de surpresa, união, realização, gratidão...


Manteremos contato para mais encontros e ações em parceria com o Construindo Alegria. Vamo que vamo!

---------

No dia seguinte, 20/07, aconteceu em Martinho Campos o Encontro de articuladores culturais. Tivemos a participação de articuladores de Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos, Quartel Geral, Belo Horizonte e São Paulo/SP. 



Enquanto a reunião acontecia, jovens integrantes do Sorriso Feliz participaram de uma vivência circense orientada pelo Circo Aloma.



Na reunião, abordamos todos os pontos propostos na pauta:
  • Ações em rede - colaboração
  • Artesania Nômade - ano 1 (projeto que está realizado pelo Teatro Terceira Margem em 2014-2015)
  • Sapere Aude (projeto patrocinado pela ArcelorMittal a ser realizado em 2014-2015)
  • Readequação/prestação de contas (assessoria com Renata Gontijo)
  • Novo projeto para Lei Estadual de Incentivo à Cultura - edital 2014 (possibilidade de projeto coletivo)
  • Reunião com equipe da ArcelorMittal
  • Ressarcimento à empreendedora do projeto

Frases ditas/escritas durante a reunião:

O articulador cultural é um pouco da produção cultural por trazer um caráter de mobilização e identidade sócio-cultural.

A rede existe quando os pontos da rede se unem, se apóiam.
O trabalho em rede é uma cultura nova. Incluir pessoas mais distantes como colaboradores (podem tirar fotos, colocar o som...) "Sozinho você vai mais rápido, junto você vai mais longe".



Cultura é um direito. O Brasil é um dos países com os maiores índices de desigualdade do mundo. Motivação pessoal que gera desdobramentos. Transformação social.



O projeto Sapere Aude propõe, em linhas gerais, realizar um Festejo Cultural de 1 semana em cinco cidades da região centro oeste mineira. Em cada cidade, serão realizadas as ações: 1 espetáculo, 1 oficina, 1 encontro reflexivo e apresentações dos grupos locais.



Nossas potencialidades: respaldo da população, demandas por apresentações, intercâmbio com outras cidades, confiança, acesso a entidades públicas, referência para outras gerações...

Nossos desafios: preconceito com relação à cultura, falta de conhecimento sobre o teatro(não é trabalho, "palhacinho"...), relação de grupo, compromisso...

Possibilidades de sustentabilidade: rifas, campanha "adote um sorriso", editais públicos, prêmios, microprojetos, FIA - Fundo da Infância e Juventude, Mais Cultura nas escolas...

-----------

A viagem foi bastante positiva. Para concluir, registramos aqui algumas palavras que os participantes de Bom Despacho escolheram para falar sobre sua motivação pela arte cênica:


força    gratidão    coragem 
descoberta    "fora do centro"
superação    desempenho    amor 
canalização    criatividade     olhar 
"o palhaço descansa no coração"

- xxx -

Balanço
Cidades beneficiadas: Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos e Quartel Geral
Número de oficinas: 2 oficinas, 1 encontro geral de articuladores locais e 1 vivência circense
Número de apresentações: 1 cortejo e 1 intervenção
Número de pessoas: 40 participantes e 250 espectadores




Caravana de Artesania é um Ponto de Cultura itinerante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário