Foram dias de oficinas, intervenções e rodas de conversa sobre teatro do oprimido, máscaras e arte circense, orientadas pelos artistas e professores: Dimir Viana (diretor teatral de BH), Léo Ortiz e Luciana Antunes (Cia Valentina de Teatro de São João Del Rey), Affonso Monteiro e Paula di Franko (Circo Aloma de BH) e Raquel Silveira (BH) no apoio de produção.
Acompanhe os acontecimentos através das fotos abaixo:
1° Dia de oficina (10/07)
Ministrada por Dimir, Leonardo e Luciana
No Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13 às 16h
18 participantes
Após a roda de apresentações, o primeiro passo foi conhecer o Teatro do Oprimido (TO). Com orientação de Dimir Viana, os participantes entraram em contato com esse método teatral elaborado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal. O TO tem como objetivo a democratização dos meios de produção teatral, o acesso das camadas sociais menos favorecidas e a transformação da realidade através do diálogo (tal como Paulo Freire pensou a educação) e do teatro. Ao mesmo tempo, traz toda uma nova técnica para a preparação do ator de grande repercussão mundial.
Uma das técnicas do TO é o teatro imagem que consiste em transformar questões, problemas e sentimentos em imagens concretas. A partir da leitura da linguagem corporal, busca-se a compreensão dos fatos representados na imagem.
Outro exercício do Teatro do Oprimido é o "Hipnotismo Colombiano". Funciona assim: em duplas, um será hipnotizado e outro será o hipnotizador. O hipnotizado fixará seu olhar na palma do hipnotizador e tem o objetivo de manter essa mesma distância em todos os movimentos necessários. O hipnotizador fará uma série de movimentos, para cima, para baixo, para os lados, fazendo com que o outro utilize todas as suas articulações e se movimente pelo espaço. Em seguida trocam-se os papéis.
Uma variação: Em trio, 1 hipnotiza e 2 são hipnotizados. Todos do trio devem passar pela experiência de hipnotizar outros dois.
Questões em roda: Como foi a experiência do jogo? É mais fácil hipnotizar ou ser hipnotizado? Você prefere hipnotizar ou ser hipnotizado? Esse jogo tem relação com o nosso cotidiano? Quais? Quem são os nossos hipnotizadores?
Você conhece a brincadeira "Fui visitar minha tia em Marrocos"? É bem divertida e apropriada para crianças de todas as idades. A música pode ser ouvida aqui e a explicação da brincadeira está aqui.
2° Dia de oficina (11/07)
Ministrada por Dimir, Leonardo e Luciana
No Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13 às 16h
18 participantes
3° Dia de oficina (12/07)
Ministrada por Dimir, Leonardo e Luciana
No Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13 às 16h
20 participantes
O aquecimento faz parte do início das oficinas. O aprendizado se torna mais fácil quando o corpo está disponível para novidades.
4° Dia de oficina (13/07)
Ministrada por Dimir, Leonardo e Luciana
No Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13 às 16h
18 participantes
Aprofundando as técnicas do Teatro do Oprimido, começou-se a estudar o Teatro Fórum.
Nesta modalidade, os atores encenam uma situação de opressão. Ao final da cena, o coringa (uma espécie de mestre de cerimônia que facilita o processo) pergunta ao público se esta cena acontece na realidade e se é possível uma outra alternativa. Se alguém do público responder, o coringa pede para que esta pessoa substitua uma das personagens da cena e coloque em prática a sua ideia. Após a intervenção, o coringa questiona: Qual foi a proposta tentada? Avançou? Por quê? Alguém tem outra possibilidade? É nesse sentido que Augusto Boal dizia que “o Teatro do Oprimido é um ensaio para a revolução”, pois a pessoa que entra em cena para praticar sua proposta está ensaiando para se libertar na vida real.
Apresentação teatral (14/07)
Com Dimir Viana, Leonardo, Luciana e participantes da oficina
No Centro Cultural Professora Helena Leite, às 12h
16 participantes e 93 espectadores
Nesta sessão de Teatro Fórum, foi apresentada a cena “O oprimido”. A temática abordou a opressão do governo federal (representada pelo personagem Federalino) com relação aos municípios e os impactos disso nas comunidades mais vulneráveis.
A ação fez parte da 11.ª Conferência Municipal de Assistência Social.
A ação fez parte da 11.ª Conferência Municipal de Assistência Social.
Federalino chega pela plateia, cortando os gastos públicos com sua enorme tesoura.
Senhor Gouveia deu um apoio no som e na luz.
A plateia vai aquecendo os corpos...
...E logo as ideias começam a surgir.
Uma das questões abordadas foram as dificuldades de se colocar em prática as mudanças propostas pelo governo federal com relação a educação (ensino médio), como a falta de preparação dos professores e as limitações na estrutura física das escolas. Nesta parte, uma menina de aprox. 6 anos se levantou do público e disse mais ou menos assim: "o governo tem que olhar para a gente que é pequeno, tem que ajudar quem está embaixo. Isso não pode acontecer!" A coragem e a inteligência da garota chamou a atenção do público que aplaudiu espontaneamente sua iniciativa.
Recebemos retornos de que o Teatro Fórum ajudou a aquecer as discussões da Conferência, incentivando a participação democrática e a autonomia das pessoas.
5° Dia de oficina (14/07)
Ministrada por Affonso e PaulaNo Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13h30 às 17h
19 participantes
Affonso e Paula são artistas da família circense tradicional Circo Aloma. Durante a oficina, trouxeram conhecimentos e técnicas relacionadas ao malabarismo e equilibrismo.
Aqui estão jogando claves. |
Estas são as argolas. |
Malabarismo é a arte de manter objetos no ar. As bolinhas são atrativas e fáceis de aprender. Uma das formas é cortar o bico de um balão e encher com areia ou alpiste. Saiba mais sobre como fazer este tipo de bolinhas clicando aqui.
Nesta foto, Paula, Hellen, Dimir, Raquel, Affonso e Cristiane, da esquerda para a direita. |
Ministrada por Affonso e Paula
No Centro de Convivência do bairro do Leites, de 13h às 16h
22 participantes
Diabolô é um brinquedo antigo originário da China, famoso em todo o mundo, a evolução do ioiô chinês. Com o diabolô, um jogador experiente consegue fazer centenas de manobras. Bora tentar?
Os pratos de equilíbrio usados no circo não são pratos comuns. São feitos de plástico resistente a quedas e possuem uma profundidade central que ajuda no equilíbrio. A parte mais difícil é começar o movimento. Após ganhar velocidade, basta manter a vareta na posição vertical e "dar corda" quando necessário.
Cortejo pelo bairro dos Leites, de 13h às 17h
20 participantes e 72 espectadores
Neste dia a proposta foi fazer um cortejo cênico-musical pelas ruas do bairro.
Paula fez lindas maquiagens nas participantes.
A partir da técnica da máscara, o artista Leonardo se dedicou para encarnar a personagem "Seu Gerônimo", um senhor solitário que vive com sua imaginação e memórias.
Através do teatro de bonecos, a atriz Luciana trouxe para o cortejo a simpática dona Ló, uma senhora de 120 anos muito comunicativa e expressiva.
Dimir cuidou da preparação vocal e do repertório musical, fazendo a direção desse acontecimento.
Após o ensaio, artistas profissionais e participantes da oficina se uniram no cortejo para ir ao encontro do público.
"Abra a porta e a janela, e vem ver o sol nascer.
Abra a porta e a janela, e vem ver o sol nascer...
Eu sou um pássaro, que vivo avoando.
Vivo avoando, sem nunca mais parar.
Aiai, aiai saudade, não venha me matar..."
Trecho da música"Preta Pretinha" dos Novos Baianos, cantada no cortejo
Com seu repertório circense, Affonso deu vida ao palhaço Osnoffa (seu nome ao contrário), levando alegria e diversão para as crianças de todas as idades.
O cortejo fez tanto sucesso que nos dias seguintes apareceram vários participantes novos.
8° Dia de oficina (17-07-2017)
Ministrada por Affonso e Paula
No Centro de Convivência e na Quadra do bairro do Leites, de 13h às 16h
26 participantes
Quem se lembra de pular corda? Bom pra aquecer o corpo e trabalhar o ritmo.
O equilíbrio na garrafa é um exercício de treinamento para o rola rola, aquele aparelho de circo onde a pessoa se equilibra numa prancha que fica em cima de um cilindro.
Um jogo interessante foi ensinado pelo Affonso. "Vírus", um jogo de pegador, usa 1 bola como objeto. Tem como objetivo trabalhar os princípios de lançamento do objeto, pensamento estratégico e ação em equipe. Um participante (doente) começa o jogo segurando uma bola (vírus). Ao encostá-la em outro participante, este também fica infectado. Os dois então buscarão contaminar os outros, mas com um detalhe: os infectados só podem dar no máximo dois passos. Os contaminados podem jogar a bola entre eles e para contaminar podem encostar a bola em qualquer parte do corpo. O jogo termina quando todos estiverem "infectados".
Ministrada por Affonso e Paula
Na Quadra do bairro do Leites, de 8h às 12h
34 participantes
Participação na programação da Caravana Social
"Retirada meu bem retirada
Acabou-se a nossa canção
Se a saudade não nos separar olêlê
tchau, tchau, tchau..."
Música da cultura popular cantada no cortejo
Saiba mais, clicando nos links:
Circo Aloma - história e contatos
Cia Valentina de Teatro
Teatro do Oprimido - o que é e site oficial
Democracia
Depoimentos
"Adorei participar das oficinas de circo, foi tudo mágico. Aprendi a jogar diabolô, equilibrar pratos e me equilibrar na garrafa de água. A palhaça Allegra era linda é muito engraçada e o palhaço Osnoffa é o palhaço mais engraçado do mundo. Só fiquei muito triste quando eles foram embora, mas vou guardar eles para sempre no meu coração."
Thalyssa Biana Souza Barral, 7 anos
"Não conhecia o trabalho do grupo Caravana de Artesania. Recebi das moças (Hellen e Vero) um convite para participar das oficinas realizadas aqui no CRAS perto da minha casa. No primeiro momento, enviei a minha filha Thalyssa que gosta muito de participar. Só que me surpreendi com a empolgação e dedicação da mesma nas oficinas. As oficinas começavam às 13:00. Às 12:30, ela já estava pronta e indo ao encontro do grupo. Chegava em casa igual uma tagarela contando tudo que tinha feito, eu ficava de boca aberta. Em um dia brincar, cantar, dança, fazer ginástica e fazer mágicas! Pensei: minha filha está sonhado... Até o dia que aconteceu um cortejo aqui no meu bairro. Meu coração disparou, foi lindo demais minha filha na frente carregando uma bandeira com o nome do grupo, cantando músicas que eu aprendi com minha mãe, os olhos dela brilhavam, estava linda. Várias pessoas param para ver o grupo passar, abracei a boneca Dona Ló de 120 anos. Depois de ver aquele lindo cortejo, no outro dia comecei a participar da oficina com minha filha. Me arrependi de não ter ido antes porque foram dias maravilhosos com pessoas formidáveis. Espero que voltem logo, pois aprendi que sempre posso aprender mais."
Fâni de Souza Afonso, 31 anos
"As oficinas de julho foram um sucesso. As aula de circo orientadas por Affonso e Paula deixaram todos encantados, desde as crianças até os idosos. Geralmente, quando se monta cama elástica nas ruas de Carbonita as crianças invadem como enxame de tanto que gostam. Porém, mesmo com a cama elástica da rua do lazer em frente o Centro de Convivência, as crianças desta vez lotaram as oficinas de circo. A cama elástica pela primeira vez em Carbonita ficou vazia. Isso me deixou muito feliz, com a sensação de dever cumprido." Cristiane Coelho, assessora de comunicação do projeto e moradora de Carbonita.
Balanço de Julho de 2017
Projeto Caravana de Artesania - Associação Pano de Roda
Cidade: Carbonita, MG (Vale do Jequitinhonha)
Atividades e abrangência (aprox.):
De 10 a 18/07 - Oficina de Sensibilização - 97 participantes
Dia 14/07 - Apresentação no Centro Cultural Helena Leite - 93 espectadores
Dia 16/07 - Cortejo pelo bairro dos Leites - 72 espectadores
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