Ideário: Artesania Nômade em Abaeté e em Bom Despacho

Em abril, o projeto Artesania Nômade promoveu uma Oficina Montagem em Abaeté e um Encontro em Bom Despacho.

A oficina foi destinada a "Cia do Riso", grupo de estudos de Abaeté, sendo aberta a algumas pessoas interessadas. Orientada por Cristiano Pena com a colaboração de Júnia Bessa (Teatro Terceira Margem), a oficina contou também com os convidados Affonso Monteiro e Paula Monteiro (Circo Aloma).

A primeira etapa, de o3 a o8 de abril, foi realizada no salão paroquial. Através de momentos práticos e teóricos, os participantes tiveram acesso a conhecimentos e técnicas relacionadas ao processo de montagem cênica. A oficina contou com momentos de sensibilização, aquecimento corporal, expressão e criação cênica, experimentação de equipamentos circenses, roda de conversa e intercâmbios.

A segunda etapa da oficina, de 18 a 20 de abril, foi realizada na Casa da Cultura e na Praça da Prefeitura. A partir da dramaturgia do encontro, as figuras (personagens) criadas foram reunidas em um roteiro que foi apresentado na Praça da Prefeitura, no dia 19 de abril, na inauguração da Casa da Cultura. Neste mesmo dia, também foi feita uma intervenção no asilo Vila Vicentina.

Inspirado no conceito de "economia solidária" e com apoio do Ponto de Cultura Caravana de Artesania, iniciamos em Abaeté a circulação de um brechó para trocas de figurinos e adereços cênicos. Nesta proposta, cada pessoa pode levar o que quiser do bazar, desde que traga outra peça de valor aproximado para repor o que levou. Assim, o estoque vai circular de cidade em cidade, sempre renovando suas peças. A primeira experiência foi ótima!

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"Caderno de Anotações"

Compartilho aqui algumas frases, perguntas e sensações que fizeram parte do percurso criativo dessa oficina. Agora, as datas se misturam para dar lugar a um fio narrativo que conduz o processo de criação, como Ariadne no Labirinto do Minotauro...

Espaço amplo, ambientando por panos coloridos, embalado por músicas de dança de salão...

Quem disse que Minas não tem mar? No país Teatro, as cores se espalham no chão da imaginação e formam um mar-lago profundo de possibilidades.

Acordar gostosamente o corpo. Despertar os cinco sentidos...

Abrir-se para dentro. Articulações, emoções, sonhos e memórias... ganhar espaço interno.

Abrir-se para fora. Alcançar as paredes, o teto, o chão. Objetos, música. Pessoas, trocas.

Preencher todo o espaço externo. Vivo, novo. Abrir-se para transformações e descobertas.

O primeiro exercício: olhar e ser olhado.

Silêncio preenchido pela memória.

(Como a criança que só se torna humana na relação com os pais,

nós nos tornamos atores a partir da relação com o outro - colega, público.)

A criação é resultado de uma jornada da alma.

Um trabalho de consciência e sensibilidade.

Como descrever um percurso criativo?

Nosso ponto de partida é a confiança - em nós mesmos, no orientador, nos colegas.

Nosso motor: a vontade de aprender.

Tateando, experimentando, se permitindo "não saber"...

Lá vamos nós.

Como se chega ao país Teatro?

Temos pistas, mapas de outros viajantes:

relaxar estando presentes

abrir-se para os estímulos externos e internos

construir seu espaço (também chamado cnesfera ou dojo)

Logo aparecem chaves para outras dimensões:

dramaticidade. romantismo. poético/lírico.

cômico. fantasmagórico. sonho/onírico.

Quantos universos se abrem!

Imagens, figuras e sensações começam a povoar o espaço...

Viramundo. Ofélia. Uma empregada. Mãe d´Água. Outra empregada.

Dançarinas. Cigana. Samurai. Cabeleireira. Pássaro.

Como criadores-artesãos, vamos esculpindo imagens no espaço.

O processo de construção das "figuras" se dá em camadas...

E o circo chegou! Com Affonso e Paula, aprendemos mais um pouco sobre esta arte milenar.
Acrobacia: movimentos precisos e calmos. O essencial é a segurança.
Conexão com o colega e com o público. Formas, coreografia. Pausas.

Dar valor aos pequenos gestos, por mais cotidianos que pareçam ser.

Malabares: memória do corpo, das experiências vividas.

Cuidado para não treinar desatento e gravar o movimento errado!

Paciência e persistência.

Cristiano dá continuidade ao treinamento e algumas pessoas já conseguem fazer malabares com três bolinhas. Resultados que aparecem com o tempo e a dedicação...