10 de junho de 2013

Teatro de Artesania: Abaeté - Oficina


E o Teatro de Artesania chegou em Abaeté, centro-oeste mineiro, com o Teatro Terceira Margem. Relatamos a seguir as ações, estudos, oficinas e vivências que realizamos durante esses dias de artes cênicas e aprendizagens, de 5 a 11 de junho. Dias especiais!!!

# O dia 5 de Junho (quarta-feira)

Chegamos na cidade de no dia 5 de junho e no mesmo dia iniciamos, às 18h, as atividades. 
A vivência do dia: a arte da palhaçaria, orientada por Cristiano Pena com o apoio de Poliana Reis.




Os compartilhamentos desta noite aconteceram no salão que foi gentilmente cedido pelo instituição de ensino Cnec, que pelo terceiro ano realiza essa colaboração.

O salão de apresentações da Cnec já não era mais o mesmo de antes: cores espalhadas, tecidos, objetos cênicos e, principalmente, a diversidade dos participantes que estavam ali para a oficina... pessoas de diferentes realidades, estudantes, assistentes sociais, jornalistas, donas de casa, educadores, apoiadores da cultura, o secretário municipal de cultura e tantos outros.


Todos ali... unidos... dispostos a vivenciar dias de aprendizados e arte!!!



Após as vivências corporais das artes cênicas, Cristiano Pena orientou o grupo presente sobre a Arte de Palhaços. Falou-se sobre os princípios necessários para seguir com o estudo da palhaçaria: ética do riso, verdade, humildade, colaboração, concentração, conexão, equilíbrio do espaço, entre outros. 


Na oficina desta noite também foram utilizadas máscaras para introduzir a conversa sobre a menor e mais reveladora de todos as máscaras: o nariz do palhaço. Destacou-se que o palhaço não finge ser o que não é, mas sim revela os erros e os acertos, a verdade, o riso a si mesmo.

# O dia 6 de Junho (quinta-feira)
No 6 de junho, quinta-feira, foi mais um dia de vivências e compartilhamento de saberes sobre a nobre arte. 



Com a orientação de Cristiano Pena, o grupo começou a oficina desse dia caminhando pelo espaço cênico... Aqueceram a bobagem do paspalho e, ao mesmo tempo, ativaram a seriedade necessária para estudar a palhaçaria.

Caretas, bracetas, pernetas, rostetas... figuras construídas usando o corpo todo. Esse corpo que se lança, arrisca, ri de si e com os outros. 


Após o aquecimento, todos reviveram suas histórias, rindo de si mesmos. Momento de risos contagiantes, o palhaço sendo revelado a (em) cada um.



Na oficina dessa noite, ouviram também outros mestres. Primeiro, a leitura de um trecho do livro "Elogio da Bobagem" de Alice Viveiros de Castro: "Um palhaço é um ser que põe a mão no fogo, que se expõe... (...) A grande diferença entre humilhar e brincar é rir de e rir com."


Depois, leitura de trechos do livro "Pequeno tratado das grandes virtudes" de Andre Comte-Sponville. "É melhor exaltar as virtudes que condenar os vícios... (...) Onde se tem amor não precisa de mais nenhuma virtude, o amor contem as outras virtudes." Maravilhas que suprem e ao mesmo tempo despertam a sede dos sentidos.


"Ser palhaço é um exercício de amor!"


Depois da filosofia, o riso... todos novamente andaram pelo espaço. Entre fricotes, saltos, despertar de quinas e outros movimentos, um chamado ao palhaço! Gestos e palavras que chamam para a arte cênica. 











Ao final, uma grande roda foi feita para uma massagem coletiva e o canto "Guli Guli", onde todos interagem e claro, explodem em boas gargalhadas. 






# O dia 7 de Junho (sexta-feira)

Na noite desta sexta-feira, 7, trabalhou-se as expressões de artes cênicas e o o figurino do palhaço. "O palhaço vê beleza nas coisas do dia a dia", disse Cristiano, durante a orientação. Cada participante trouxe a sua sugestão de figurino para compor o seu paspalho. Trabalhou-se a colocação das peças, as cores e também o uso do nariz. Detalhes como "o palhaço não coloca o nariz na frente do público" e "o nariz é a menor  máscara do mundo, a que menos esconde e a que mais revela" foram transmitidos.

Momento também de se descobrir um nome para o paspalho, apelido carinhoso que damos para quem ainda não é palhaço mas já está estudando a arte da palhaçaria. Cada um deu uma sugestão de seu nome de paspalho. "
O palhaço vê beleza nas coisas do dia a dia", disse Cristiano, durante a orientação.
Observou-se que o figurino pode ser belo e colorido, mas não deve sobrepor o olhar do paspalho, que á a parte mais importante pois estabelece a conexão com as pessoas.

Observou-se que o olhar do palhaço é revelador. Revela uma beleza múltipla, que não tem uma forma só. Afinal, o palhaço é um estudo da nossa condição humana. Um questionamento de tudo aquilo que se pensa e do que se quer pensar. 

Aprendeu-se na oficina dessa noite que o palhaço é um exercício de dedicação, único, digno e que às vezes passa por preconceitos, mas é a expressão de arte e de sensibilidade.


# O dia 8 de Junho (sábado)

Este sábado contou com uma aula aberta e uma linda manhã na praça da Prefeitura. Essa foi a oportunidade perfeita para vivenciar os 5 princípios cênicos: diálogo com o espaço, com o público, com o colega , com a situação cênica e consigo mesmo. 


Com os tecidos amarrados nas árvores e postes da praça, logo logo o público começou a surgir e assim contribuir, através dos seus olhares, com esta primeira "aula-aberta" em Abaeté. 



Tudo começou com o desfile dos figurinos, mostra essa que foi possível por meio dos ensinamentos adquiridos no noite anterior.


Com o olhar do público, os paspalhos aprenderam que o palhaço faz o fácil de maneira difícil e o difícil de maneira fácil. O público ali, tão sensível como o artista, mas os futuros palhaços aprenderam que a diferença é que o artista se expõe e se doa.


  



Depois... foi a vez de aprender sobre a maquiagem especial do palhaço. 



Aprenderam que as cores usadas na face trazem suas mensagens: a branca, o lado angelical;  a vermelha, o lado picante e  o preto, o lado da sabedoria, do equilíbrio. 

Aprenderam a identificar a maquiagem com o seu palhaço, quer seja um Branco (aquele que pensa que sabe), um Augusto (aquele que não se preocupa em saber) ou um Tony (aquele que fica na dúvida). Esses são os três estilos de palhaços, cada um com sua sensibilidade, com seu figurino e também com sua maquiagem.

Depois desse aprendizado super importante, aí sim, foi a vez de fazer um passeio entre o público que estava ali na praça. Recebemos de presente desse público: sorrisos, olhares atentos e aplausos.


Sim, a "aula-aberta" foi mais que uma manhã de aprendizado, foi de doação e gratidão!!!

# O dia 9 de Junho (domingo)



A tarde deste domingo foi dedicada à apreciação de imagens. Montou-se um mini-cinema no salão do Cnec e passamos a tarde assistindo, aprendendo e comentando sobre o filme italiano "Os Palhaços" de Federico Fellini.

O filme traz uma referência do palhaço europeu e foi possível observar claramente as diferenças de figurinos e maquiagens. Também foi possível identificar a presença do palhaço Augusto e Branco, os quais foram temas dos aprendizados no dia anterior.  Através do recurso audiovisual, os participantes puderam identificar no filme as mensagens e vivências dos dias anteriores. 






# O dia 10 de Junho (segunda-feira)


Logo no final da tarde Cristiano concedeu entrevista para a jornalista Christiane Ribeiro, do jornal de Abaeté, o "Nosso Jornal". Ela também está participando as oficinas.

O encontro desta segunda-feira começou ao som corporal de Barbatuques e com um trabalho de reconhecimento do corpo... as articulações e o esqueleto. Também com um exercício para ativar o movimento e o estado de brincadeira. 

Uma brincadeira para lembrar momentos de diversão e um pouco da criança de cada um: "Pão-de-queijo de primeira qualidade é você!" transmitida por Cícero Silva, palhaço Titetê. 



Cristiano orientou a oficina dessa noite e entre tantas abordagens falou "que o palhaço ativa o estado de brincadeira, mas é extremamente cuidadoso e sensível." Durante a oficina algumas professoras presentes relataram que já estavam aplicando alguns dos aprendizados adquiridos em sala de aula.



"Às vezes observamos o palhaço com o estado de brincadeira; mas ele passa pelo poético e pelo drama também."


Estudou-se também a montagem de cena. Cristiano expôs que antes de se formar um grupo de teatro, o que requer muitas responsabilidades, é possível formar um grupo de estudos. No grupo de estudos fica mais evidente o processo de formação, sendo ao mesmo tempo possível fazer intervenções e apresentações (ao invés de espetáculos). Na montagem de cenas, foram trabalhadas aos três tipos de palhaços: o Branco, o Augusto e o Tony. 


Um momento especial foi reservado para  falar sobre a continuidade, através da formação de um grupo de estudos. Nesta proposta, a liderança pode estar presente de forma consciente e de maneira circular: cada um precisa saber que pode contribuir.



Outro ponto observado para a continuidade do grupo é a comunicação. Sugeriu-se agendar os encontros através das redes sociais, com antecedência e com o compromisso de realizar de fato. 

O encontro dessa noite terminou com o agendamento para o 5º Encontro de Palhaços, dia 30 de junho, em Martinho Campos, um convite maravilhoso!!!




# O dia 11 de Junho (terça-feira) - Manhã e Tarde



E chegou o último dia, desse primeiro momento em Abaeté!!!

Retrospectiva dos lindos e muitos especiais momentos vivenciados ali, no centro-oeste mineiro: o contato com a Arte de Palhaços, a montagem de cenas, figurinos, maquiagem, consciência corporal, os alinhamentos de palhaços, a criação dos nomes do paspalhos e as abordagens sobre a continuidade através do grupo de estudos e da realização de intervenções.  Dividiu-se esse "até breve" em dois momentos, um na parte da manhã e outro à tarde. Maravilhoso dia!!! 

Uma professora convidou para apresentar em sua sala.

Para as crianças da Cnec.
Com o estado de criação ativado, os participantes realizaram a composição de um valsa!


Valsa dos Paspalhos
Música: Paspalho Paçoca
Letra: Ana Lúcia Lopes, palhaço Tchano e os paspalhos Columbia, Tareco e Jojó.

"Palhaço...tô chegando
Palhaço...tô chegando!
Olha o riso aqui, olha o riso lá, olha o riso aí!
Olha o riso aqui, olha o riso lá, olha o riso aí!
Palhaço...tô chegando!
Palhaço... tô chegando!

Ri melhor quem ri de si.
Ri melhor quem ri de si.
Palhaço... tô chegando!
Eu sou um paspalho...
Eu sou uma paspalha...
Nós somos paspalhos...

Olha o riso aqui, olha o riso lá, olha o riso aí!

E com essa canção, com os figurinos e aprendizados foram feitas duas intervenções  na instituição de ensino Cnec, em agradecimento pela acolhida da oficina em Abaeté. E, assim concluímos esse primeiro momento em Abaeté!!

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Participaram das atividades em torno de 50 pessoas, entre jovens, adultos e crianças, estudantes, artistas, professores, agentes culturais e interessados. As apresentações abrangeram aprox. 350 pessoas, no total.

Equipe dessa viagem:  Cristiano Pena e Poliana Reis (Teatro Terceira Margem) e Ana Lúcia Lopes (Assessoria de Imprensa).

Agradecemos os participantes das oficinas, a colega Maria Pereira Duarte (Dadaça) que fez o apoio local, a equipe da Escola Cnec, o Secretário de Cultura José Antônio (Ktoco)  e todos os apoiadores que contribuíram para essa vivência na cidade de Abaeté.


Texto e fotos: Ana Lúcia Lopes e Poliana Reis
Colaboração: Júnia Bessa

 Caravana de Artesania é um Ponto de Cultura itinerante.

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