17 de junho de 2013

Teatro de Artesania LEIC-MG: Bom Despacho - Oficina



Seguindo com a arte pelas estradas de Minas Gerais... a parada desta vez foi em Bom Despacho, centro-oeste do estado. Os dias de 14 a 18 de junho foram dedicados à Arte de Palhaços. 

Aconteceram oficinas, apresentação de espetáculo, aulas-abertas em praça pública e experimentações cênicas, além do incentivo à formação de um grupo de estudo na cidade. Os encontros aconteceram na E. E. Miguel Gontijo e na Praça da Matriz.  

Confira os registros desses dias de arte, risos, gargalhadas e narizes vermelhos!!!


#Dia 14 de Junho (sexta-feira) - Primeiro dia
Começou a oficina "A Arte de Palhaços", com orientação de Cristiano Pena e a colaboração de Júnia Bessa. A noite foi iniciada com uma brincadeira com as cadeiras e o sentar-se nas cadeiras, despertando o estado de "bobeira" a partir da lógica do absurdo, bem própria do palhaço. 


Depois, apresentação dos nomes, aquecimento corporal para perceber as extensões musculares e jogo do "zip-zap-tonhomnhom", onde enviamos e recebemos setas com a palma das mãos. Cristiano chamou a atenção para a precisão do olhar: "O palhaço olha com o nariz". Também observou que quando entramos em contato com o nosso corpo, ficamos em um estado mais criativo, propondo entonações e gestos. 


Na roda de reflexão, os participantes contaram onde viram palhaços e onde ele atua: no circo, na escola, no cinema, na televisão, no hospital, em praças...



Vimos que é uma arte muito bem recebida pelo público. O público gosta e é sensível à arte e esta está sendo redescoberta como a expressividade humana. A arte está aqui, bem pertinho de todos, está presente nas potencialidades humanas. 

Partiu-se então para o estudo das máscaras. Cristiano mostrou algumas das diferentes máscaras que o homem utiliza na arte e contou sobre a chegada da menor e mais reveladora máscara: o nariz de palhaço.



Cristiano Pena apresentou as diferentes máscaras.



Nesse momento, a palhaça Biju (Júnia Bessa) entrou na sala e interagiu com os participantes, surpreendendo e trazendo para perto a arte de palhaços através do exercício de improvisação da atriz. 

              Palhaça Biju (Júnia Bessa) e o nariz.






Foram lidos trechos do livro de Alice Viveiros de Castro, pesquisadora sobre a arte de palhaços, como: "O palhaço é comicidade pura" e "Figura louca capaz de provocar gargalhas ao primeiro olhar." 


Literatura: apoio nas oficinas.


Foi falado que "o dia-a-dia alimenta o palhaço, na sua identidade e na criação de cenas" e  que "o palhaço não é um personagem, mas uma pessoa em estado de representação". 

O palhaço é um exercício de posicionamento humano. Falou-se sobre a proposta de se criar grupos de estudos cênicos em cada cidade, para dar continuidade às ações iniciadas pelo projeto, de forma autônoma. 

Abordou-se a Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e outras maneiras de gerar recursos e promover ações públicas, contribuindo para a sustentação e a realização de projetos como o "Teatro de Artesania". 

Depois dessa noite de aprendizado, foi a vez de convidar a todos para a apresentação do dia seguinte. 

#Dia 15 de Junho (sábado) - Segundo dia 
O encontro desse sábado aconteceu na Praça da Matriz. O dia foi dedicado para a apresentação do espetáculo "Na Roda", com o Grupo de Teatro Maria Cutia. Foi um espetáculo brincante e que foi apresentado para um público de todas as idades. 



Na Roda: A história de um menino sem nome, a opereta de Martim e Mariana e sua grande banda, a música de uma fazenda e de seus animais são contadas e cantadas ora por palhaços, ora por máscaras expressivas, ora por atores brincantes em contínuo diálogo com o público que, ao final, entra na roda e brinca também. Espetáculo brincante com repertório de canções colhidas no Vale do Jequitinhonha e no norte de Minas.



A apresentação trouxe para Bom Despacho participantes dos grupos de estudo de outras cidades como Abaeté, Dores do Indaiá e Martinho Campos e isso possibilitou a realização de mais uma roda reflexiva ao final do espetáculo. 




Após a apresentação, foi feita uma roda de intercâmbio com a presença de integrantes dos grupos de estudos de Abaeté e Dores do Indaiá, os participantes de Bom Despacho e o Grupo Maria Cutia.


Foi momento de todos dedicarem um pouco mais a arte de palhaços, estudar e ainda falar sobre o espetáculo apresentado e todo o aprendizado que foi possível se nutrir nessa manhã de sábado.  

#Dia 16 de Junho (domingo) - Terceiro dia (manhã e tarde)
"Quem tira o domingo para fazer aula?", perguntou Cristiano em momento de expressividade e análise. Todos responderam: "Só o palhaço mesmo!" E assim foi esse domingo em Bom Despacho. Dois encontros aconteceram - manhã e tarde.

Foi o momento da "aula aberta" - prática essa que está sendo adotada durante as oficinas do Teatro Terceira Margem. É o momento onde os participantes das oficinas têm a possibilidade de ter a arte de palhaço e o teatro de artesania como "a prática do teatro como expressão artesanal". 



Instantes para se relacionar consigo, com o público, com o espaço, com o colega de cena e até mesmo com a história que começa a surgir ali, na própria rua. 

Em volta de formigueiro, aprendendo os detalhes de um "trabalho de formiguinha"
e construindo a arte em espaço público.

Pela manhã: Na aula aberta quem está assistindo também pode, além de observar, participar. E foi isto que aconteceu!!! Como a participante Elenice Costa que estava ali e entrou para a oficina. Detalhes da comunicação corporal são estudados, o olhar e a expressividade da arte de palhaços.

E tudo terminou com um passeio pela praça de uma banda, que foi batizada de "Banda Boa". 


Na caminhada, tivemos o contentamento encontrar com um sanfoneiro da cidade, Sr. José Joaquim da Silva, que estava passando pela rua.




Com a participação dele, as cenas tiveram um toque especial  no fundo musical. 



Um encontro musical, magistral, etc e tal!!!

 
A "Banda Boa" e o sanfoneiro de Bom Despacho, Sr. José Joaquim.

Pela tarde: Mais um momento de aula aberta. Ali, nas escadarias da Igreja Matriz e utilizando o espaço público, aconteceu mais uma aula-aberta. 

Aula-aberta, nas escadarias da Igreja Matriz.

Aconteceu o estudo da origem do palhaço e, como apoio literário, Cristiano utilizou o livro de Alice Viveiros de Castro, "O Elogio da Bobagem". 

Trechos do livro "O Elogio da Bobagem"

Tivemos ali expressividades da arte através da leitura de uma poesia, do estudo da arte de palhaço, do estudo do figurino, a maquiagem da palhaçaria e a conversa entre os participantes. 

Depois, fizemos uma observação dos figurinos que os participantes estavam usando e desenvolvendo. Ativamos o estado do palhaço a partir do olhar. Olhamos o mundo à volta e compartilhamos com o público expectador. Sim, esta aula também foi observada por um público que acompanhou explicações e experimentações dos participantes, contribuindo com o processo de aprendizado.

A presença divertida e ridícula de cada um foi crescendo, crescendo... e resolvemos dar uma volta na praça, buscando novos olhares e vivências. A caminhada foi silenciosa e plena de  sensações e sentidos.

Então, criamos cenas a partir do uso de bambolês. Como é que o palhaço interage com os objetos? Cada grupo inventou 5 formas de utilizar e brincar com esse objeto. Apresentamos as cenas ao público e ganhamos atenção e aplausos, mais uma forma de cumplicidade com nosso caminho de paspalhos. Paspalhos é o apelido carinhoso para quem está estudando a arte de palhaço e ainda não é um(a) palhaço(a) "formado(a)". 

E assim aconteceu mais uma aula-aberta, com direito a intervenções no espaço público. 

#Dia 17 de Junho (segunda) - Quarto dia (noite)


Com panos coloridos e criatividade, a sala de aula se transformou num picadeiro de mil encantos, preparando para receber os participantes no mundo da arte.

Esta noite reuniu participantes que estão desde o primeiro dia, participantes que ficaram sabendo do projeto no dia anterior e retornaram na segunda e a chegada de três novas participantes que ficaram sabendo do projeto através de uma professora. 

Para estimular o contato de cada um consigo mesmo, Cristiano orientou um aquecimento coletivo, com atenção às articulações do corpo e ativação da percepção do estado de agora. "Como você está agora?"



Fizemos um exercício de caminhar e mudar de direção a cada palma. Teve também saltos e paradas. Ativamos a percepção do espaço a partir do olhar. A cada palma, olhamos e caminhamos em direção a um ponto do espaço. Este ponto poderia estar no plano baixo, médio ou alto. 

Depois, Cristiano falou sobre a relação do palhaço com a nossa identidade. O palhaço é criado a partir de características risíveis de cada um. Cristiano explicou a diferença entre rir de e rir com. O riso de comunhão e libertação é diferente do riso de escárnio ou desprezo.


Um a um, cada pessoa falou seu nome dando um passo pra frente. O grupo repetiu o gesto, destacando características de cada pessoa. Foi um momento de descoberta de nós mesmos... 


E então... o picadeiro! Um a um, cada pessoa foi ao picadeiro e compartilhou sua respiração. Simplesmente! Observamos como a presença natural de cada um já é muito interessante e vimos que cada um traz espontaneamente características ridículas que, ampliadas, que têm a ver com o palhaço. 

  

Depois, Cristiano falou sobre o uso do nariz de palhaço. O momento de tirar e colocar o nariz é um momento íntimo, onde concentramos em todas as experiências vividas com o palhaço,  esta figura que podemos desenvolver durante a vida toda. Assim, por ser um momento introspectivo,  devemos ficar de costas para o público. Antes de entrar em cena, mais uma concentração: de olhos abertos, trocar o ar e... entrar! Um "choque" liga todo o corpo e lá está o palhaço: nariz vermelho, presença cômica e abertura para o encontro com o público. Um momento mágico que cada participante teve a oportunidade de experimentar. Um a um, com as indicações de Cristiano que também ajudou a chegar num "apelido" (esboço de nome) para os queridos paspalhos que estavam nascendo nesse momento. 

 

Aqui, nossa foto de formosura, ops! digo... formatura.


#Dia 18 de Junho (terça) - Quinto dia (tarde)

Esse dia foi dedicado a escola que nos recebeu, cedendo espaço para realização da oficina: Escola Estadual Miguel Gontijo. Em agradecimento, os paspalhos Biju (Júnia Bessa), Kacacá (Lili Cunha) e Tchano (Cristiano Pena) fizeram uma intervenção teatral-musical, etc e tal. Nem bem chegamos, logo apareceram as máquinas fotográficas. E não é que entramos para a galeria dos diretores?! 



Após mais algumas fotos com apreciadores da arte de palhaços, quantos nessa escola!...


... encontramos com o diretor da escola, que gostou da ideia de interagirmos com a escola. 


Então, lá fomos os paspalhos, re-descobrir o mundo! Primeira parada: a cozinha. Mas não foi pra comer não! Foi para agradecer as cozinheiras e as faxineiras pelo cuidado com o espaço.



As crianças chegaram na hora e curtiram também. 


Então, resolvemos visitar a sala onde fizemos a oficina... Contamos sobre nossas aulas de palhaço ali e Biju aproveitou para recitar o poema "O Circo" de Sidney Miller. Tocamos marchinhas e recebemos aplausos, dos alunos e da professora de português.


As outras salas quiseram receber visitas também e sabe como é... palhaço sempre diz sim! Os jovens argumentaram: "Mas nós somos pequenos também!" E lá foram os palhaços. Tchano recitou um poema de autoria própria e as músicas ressoaram pelas paredes da escola...  Cumprimentos, brincadeiras e exercícios de sintonia, criatividade e improvisação.


A equipe da escola gostou bastante, se interessou mais ainda pela oficina e 
até convites para apresentar em outras escolas nós recebemos. 


Lançamos a ideia de se criar um grupo de estudos e vamos manter a comunicação com os participantes. Voltaremos a esta cidade, com mais encontros e apresentações. Viva o teatro! Viva o circo! E viva o palhaço e a palhaça!!!!
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As apresentações abrangeram 550 pessoas, no total, de diferentes idades e realidades sociais. Participaram da oficina 20 pessoas, no total, de diferentes idades e ocupações.


Agradecemos a equipe da Prefeitura Municipal de Bom Despacho e a E. E. Miguel Gontijo. 


Escrito pela jornalista Ana Lúcia Lopes,
com a colaboração de Júnia Bessa

                                 Caravana de Artesania é um Ponto de Cultura itinerante.

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